Às Luzes Poéticas

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Transubstanciei a essência do verbo
ele então fez-se cor e poesia
e os pensamentos eram raros olores
a adentrarem pelas narinas do tempo

e, o tempo então fez-se ameno,
minutos alvos de horas imaculadas
e foram todos os poetas às luzes
que resplandeciam no beijo do ocaso.

Metamorfoseei as sementes em flores
então fizeram-se miosótis e lisiantos,
então fizeram-se gerânios e margaridas,
então fui o jardineiro de estrelas mortas

e, o céu intumesceu ao negror noturno,
cometas riscaram todos os firmamentos
e foram todos os poetas às luzes
que bruxuleantes atordoavam os versos.

Transmutei minh’alma em puro ouro
alquímico, conhecimentos viravoltearam
em revelações oníricas transcendentais,
então foi profundo o mergulho de introspecção

e, o sonho foi de abóbodas douradas
em salões harmônicos entre as sensações
e foram todos os poetas às luzes
de olhos vítreos que contemplavam o vazio.

Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Entre as Carcaças dos Poetas Mortos

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Entre os vermes de olhares esquálidos
minha carcaça agora é somente morte,
os carrosséis são de animais estáticos
mas, o carrossel da vida gira até o fim.

Os vermes fartaram-se dos poetas mortos
suas carcaças já são apenas seus cabelos
eternos como os versos de tempos de outrora
que deixaram rabiscados na gaveta da escrivaninha.

A morte rondou pelas casas do zodíaco,
a terra que engoliu a carne tornou-se inóspita,
há mortos que sobrevivem hipocondríacos
em becos ou em catacumbas de rutilâncias.

Meus horrores são faces de uma moeda
nos olhos petrificados d’algum defunto,
da vida só quero um pouco, eu quero muito;
quero o verso fúnebre liso na campa, no submundo.

Jonas R. Sanches
Imagem: Google

Jardim de Poesias

#######1aBeatrice Emma Parsons

A letra foi a semente

da minha semeadura

germinou a poesia

cristalina com alvura;

***

no jardim foi espichando

os seus galhos metafóricos,

suas flores desabrochando

em caules alegóricos.

***

Meu jardim de poesias

é fonte de inspiração,

nele eu planto todo dia

sementes do meu coração;

***

nas manhãs bebo do orvalho

alojado em suas pétalas,

nas noites vivo os olores

emanado em suas vísceras.

***

Meu jardim de poesias,

de analogias e pecados

com as águas da fonte pura

é aguado e purificado;

***

lá é eterna a primavera

e a andorinha faz verão,

lá não há morte nem guerra

somente o algoz da sensação.


Jonas R. Sanches

Imagem: Beatrice Emma Parsons

Liberdade Religiosa

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Católico, judeu ou cristão;

protestante, crente ou muçulmano;

islamista, budista ou hinduísta;

seja fiel, não seja radicalista.

***

O radicalismo não passa de hipocrisia,

pois, há um só Deus, há um só sol,

o resto é invento, é pura ironia;

minha religião é a voz na poesia.

***

Krishna e Buda, Cristo Jesus,

Maomé, Gandhi ou Lutero;

foram ciência junto ao espírito austero,

não guerrearam e morreram pelo clero;

***

hoje o homem mergulhou na ignorância,

pensa ser sábio, ser o dono da razão,

mas, eu lhe digo, meu ilustre amigo,

a religião é dentro do teu coração;

***

pois ele é o templo, teu vizir fortificado,

é o caminho por onde acharás a luz,

pois ele é o templo do teu eu santificado,

é onde habita o segredo que te conduz.


Jonas R. Sanches

Imagem: Google

As Novas Cantigas do Coelho de Alice

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O coelho branco reacordou

e tirou Alice de sua cartola

ela sonolenta se recostou

sob a amanita com o sol de esmola;

***

a cantiga então recomeçou

com os acordes de outrora,

mas a melodia se renovou

com as novas cores da aurora.

***

Alice não colha os redodendros,

o coelho tem a chave dos sonhos,

as cartas do baralho estão dançando

as mortíferas valsas de estanho;

***

corra coelho, sorria saltitando,

baile com Alice a dança do infinito,

percorra seus caminhos vislumbrando

as notas de um violeiro erudito.

***

Corra Alice, não morra,

baile com os pirilampos ao som da chuva,

percorra as páginas das masmorras

onde aprisionaram o conto de fadas;

***

cavalgue o coelho branco e as estrelas

mas, não se esqueça  de amanhecer

para ver a fantasia cantada alvorecer

e depois novamente adormeça na enseada.

Jonas R. Sanches

Imagem: Disney